Como parte da nossa nova campanha ‘Sua História Nosso Futuro’ (#YourStoryOurFuture), sentamos para conversar com a contadora de histórias da nossa campanha de 2019, Renata Koch Alvarenga. Renata é fundadora da EmpoderaClima, e nos contou sobre seu trabalho de conectar igualdade de gênero e ação climática e trazer mais diversidade para os espaços de tomada de decisão.
Ouça nossa a entrevista completa com Renata para saber mais sobre o EmpoderaClima, seus planos para o futuro, para aprender mais sobre gênero e justiça climática e como se engajar nesse movimento. A transcrição da entrevista está disponível em português.
EmpoderaClima é uma plataforma educacional criada para conscientizar sobre o impacto disproporcional das mudanças climáticas na vida das mulheres e para empoderar jovens do Sul Global. Seu conteúdo está disponível em português, inglês, espanhol e francês!
Transcrição de vídeo
[00:00:03] Gaby: Oi pessoal, muito obrigada por se juntar hoje com a gente, meu nome é Gaby Baesse, e eu sou a diretora regional pela América Latina e Caribe na Youth4Nature. Hoje eu estou entrevistndo a Renata Alvarenga pra nossa Campanha Sua história É Nosso Futuro. A Renata é uma das 'Storytellers', contadoras de histórias da nossa campanha de 2019/2020. Como e a gente tá no processo de re lançar essa campanha. A gente pensou que seria o momento ideal pra destacar algumas das histórias que a gente mais gostou do ano passado. Então a gente também queria conversar com as pessoas que escreveram essas histórias para saber o que elas estão fazendo agora, neste ano que passou, e elas contarem também dos novos capítulos das histórias delas. Os projetos que elas estão fazendo e muito mais, então vêm com a gente. A Renata tá falando de Porto Alegre, e a história dela também foi contada baseada em Porto Alegre, no Brasil. Renata, pra começar, você poderia dizer em 280 caracteres, o tamanho de um tweet, contar pra gente um pouco sobre você.
[00:01:06] Renata: Claro, bom, meu nome é Renata, eu sou de Porto Alegre. Eu sou uma ativista climática, uma ativista ambiental e de gênero há mais ou menos cinco ou seis anos e eu moro no Rio de Janeiro onde eu trabalho com políticas públicas. Acho que essa é a definição super rapidinha.
[00:01:21] Gaby: Perfeito, que ótimo, então se você quiser agora também conta um pouco pra gente da sua história. E qual foi o problema ambiental ou climático você decidiu enfrentar e como é que você está fazendo para enfrentar essas questões no seu projeto.
[00:01:41] Renata: Então, eu trabalho como ativista, como uma jovem engajada na área das mudanças climáticas, há mais ou menos cinco anos. Eu comecei pela Engajamundo, como uma jovem nessa organização, na área de clima, com um engajamento muito local na minha cidade em Porto Alegre. E tive a oportunidade para COP21, a Conferência do Clima onde o Acordo de Paris foi assinado, que foi uma conferência muito incrível que mudou a minha vida para poder ter essa oportunidade de tá nesses espaços internacionais, de tomada de decisão. E uma coisa interessante que eu notei lá foi que nas negociações relacionadas aos direitos humanos a igualdade de gênero não existia muita representatividade de mulheres nesses espaços, principalmente de mulheres pretas, de mulheres indígenas, de mulheres que realmente estão nos espaços de liderança quando a gente pensa em ação contra mudança do clima. E pensando aqui no Brasil, quando a gente pensa na Floresta Amazônica, são principalmente as mulheres indígenas que estão liderando essa luta. Então achei muito curioso que dentro desses espaços, super de alto nível a gente não tinha essas vozes representadas ali. Então, foi uma coisa que foi surgindo assim, que eu fiquei pensando alguns anos, e durante o meu ativismo ao longo desses anos sempre tive vontade de trazer isso para o Brasil, para minha comunidade para minha região. E o Empodera Clima surgiu daí, foi uma ideia de poder trazer esse conteúdo, trazer essa ideia de direitos humanos, de igualdade de gênero, dentro do clima. Por que mesmo dentro dos meus espaços de universidade, a gente não ouvia muito falado que as mulheres tinham a ver com a mudança climática. Era uma coisa um pouco abstrata para todo mundo. Então, a minha ideia com o Empodera Clima foi tentar localizar e tornar mais acessível esse tipo de atividade. Eu tive esse privilégio, essa oportunidade de estar nesses espaços, como a COP 21, também várias outras conferências incríveis na China, na Alemanha e eu achei que eu precisava trazer isso para a minha realidade e para o Brasil. E o Empodera Clima surgiu a partir disso para justamente trazer esse conteúdo em português e espanhol, e agora a gente tem em francês também que a gente pode falar um pouco depois. Justamente para a gente trazer isso para os jovens e para as pessoas que têm que estar na liderança desses espaço. Então o que faz você se apaixonar pra trabalhar com isso. Então, eu acho que para mim a luta climática sempre foi uma prioridade. Cresci na natureza e cresci entendendo que esse era um dos principais problemas. Eu me formei em Relações Internacionais e pensando nos principais problemas do mundo, principais desafios, eu identifiquei a questão da mudança do clima como a principal ameaça que a gente tem. Para mim a gente não tem como lidar com todos os problemas internacionais sem a gente lidar com a crise climática primeiro e ao longo do tempo, me identificando como feminista, e vendo a luta com a igualdade de gênero como uma das minhas prioridades, eu acabei casando esses dois, esses dois objetivos. A gente pode pensar nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, e para mim eles deram muito sentido, porque a gente tem que pensar em dois aspectos. A gente pensa na vulnerabilidade das mulheres e meninas em relação à mudança do clima, mas não só isso. Não só essa parte de ver elas como um grupo vulnerável, como vítimas, mas também como líderes nesses espaços. Cada vez mais que eu participava, e tinha algum tipo de liderança ou participação dentro desses espaços de Alto Nível da ONU, espaços internacionais. Eu via o quanto era necessário a gente poder contar com as mulheres nesse espaço, com a diversidade. Acho que a grande questão é essa, é a gente poder ter a interseccionalidade presente nesses espaços, e a Agenda 2030 muito isso, é não deixar ninguém para trás. Então, cada vez mais que eu estudava essa questão da sustentabilidade. Eu percebi que a gente não podia falar de clima, falar de meio ambiente e não falar das mulheres, dos indígenas, das pessoas negras, das pessoas que estão liderando esses espaços e precisam estar nesses espaços de tomada de decisão.
[00:05:54] Gaby: Qual você acha que tem sido o maior desafio durante o projeto. Como que está sendo superar eles, como foi superar eles.
[00:06:07] Renata: Eu acho que é um dos grandes desafios é justamente em função do nosso escopo. Por que a gente busca ter esse tipo de conteúdo um pouco mais acessível, a falar de justiça climática. A gente faz isso através do nosso site, a gente tem uma plataforma, tem uma base de dados e tem um Instagram também. Só o que a grande questão, que acredito que atrapalha um pouco, é que nem sempre essa questão digital chega em todo mundo. Então, quando a gente fala de acesso ao meio digital, de acesso à internet, muitas vezes comunidades rurais, comunidades indígenas não vão ter esse acesso. Então a gente tem essa dificuldade de chegar nas comunidades e nos lugares que a gente realmente quer atingir. Então, esse é um dos desafios e a maneira que a gente busca contornar eles, lidar com eles, é justamente ter voluntários de vários lugares. Então, a gente tem voluntários do Sul, Sudeste, Nordeste, Norte do Brasil e também de vários lugares do mundo, mesmo, para a gente poder atingir essas comunidades. Então, essas pessoas, esses voluntários, eles atuam também como embaixadores da Empodera Clima no sentido de espalhar a palavra sobre gênero e clima nos seus espaços, nas suas escolas, nas suas universidades. Então, esse é um primeiro passo, mas claro que a gente ainda tá num estágio muito inicial. A plataforma tem mais ou menos um ano e meio, e a ideia é que no futuro a gente possa ter centenas de pessoas que acreditam nessa missão, acreditam nessa proposta de falar sobre esses assuntos e ir pra esses espaços. Então, no futuro a gente quer não tornar o Empodera Clima só uma questão digital, uma questão que tem que ser acessada pela Internet mas que seja do boca a boca, que seja pessoas falando no seu espaços, nos seus eventos, nas suas palestras. Então, acho que é um pouco isso que a gente tem esse objetivo de atingir a médio e longo prazo.
[00:07:54] Gaby: E por que você acha que é importante para juventude, no movimento climático , mas também no movimento internacional ambiental, estar compartilhando as histórias, os jovens estarem compartilhando essas histórias nesses espaços.
[00:08:12] Renata: Eu acho muito importante principalmente porque é a gente sempre fala que a juventude é o futuro, que são as pessoas que vão estar lá. Mas o presente na verdade. Quando a gente pensa de jovens de 15 até 30 anos. São pessoas que já estão fazendo várias coisas incríveis, um ativismo incríve,l tanto a nível local. Muitas pessoas trabalham com políticas públicas a nível local com ativismo local e outras mais a nível regional e internacional. A gente vê a mudança que isso faz. Acho que a voz da jovem nesses espaços, ela traz uma perspectiva fresca, uma perspectiva nova, uma perspectiva criativa que muitas falta nesses espaços. Essa energia que o jovem traz, e indo mais pra esse lado do futuro, é justamente isso, somos nós as pessoas que vamos conviver com essas decisões que estão sendo tomadas agora. Então, não faz sentido nenhum, na minha visão, a gente estar excluído desses espaços. Se é a gente que viver isso, nossos filhos e os nossos netos. Então, a gente está falando do nosso futuro e da nossa vida. Então, eu acho que é por isso e compartilhar as histórias para mim é um fator chave em relação a isso porque é essas pessoas que estão fazendo esses ativismos locais, muitas vezes não têm uma plataforma para isso, para divulgar o seu trabalho, para falar o que elas estão fazendo. Eu acho que Yout4Nature traz um pouco disso, da gente poder compartilhar o que a gente tem feito, e criar uma rede. Uma rede de jovens que estão engajadas e poder se conectar. Acho que muito disso, as vezes a gente está na nossa cidade, a gente fica um pouco desacreditado um pouco sem esperança sobre essa questão do clima, porque não é uma temática fácil se engajar, eu acho que a de gênero também, é um caminho longo. Com certeza, não é uma coisa, não é um objetivo curto que a gente tem. Poder se conectar e ter essa rede com jovens de vários lugares do mundo, ajudam um pouco a manter a esperança, a trocar ideias também, acho que é isso, e poder compartilhar sugestões e oportunidades também para estarem nesses espaços. Então, acho que a juventude é muito importante nessa conversa, mas também tem uma rede de jovens que estão conectados. Acho que um pouco dessas duas áreas.
[00:10:18] Gaby: Você acha que as pessoas elas podem ajudar com o trabalho do Empodera Clima, o que elas podem fazer, trazer outras pessoas que não seja necessariamente jovens, trazer essa pauta de clima, de gênero pra pauta ambiental.
[00:10:37] Renata: Com certeza, eu diria que é a principal forma de contribuir. Na verdade são duas. Uma, é possível ser voluntário, realmente um embaixador do Empodera Clima, uma pessoa que concorda com essas missão da Justiça climática, com a política de gênero, e quer levar isso para sua comunidade. A outra parte que é possível se engajar é justamente mandando conteúdo. Como já comentei a gente tem uma base de dados em quatro idiomas: português, inglês, espanhol e francês. E aí, a gente convida sempre os jovens a mandarem seus conteúdos. Então, se alguém tem um podcast, ou escreveu algum blog post, um artigo, fez alguma pesquisa, um TCC, é possível a gente publicar isso na plataforma, que tem um alcance global e espalhar para as pessoas que estão acessando esse conteúdo. Então, essa é outra forma de contribuir e eu diria para quem não é jovem ou quem não está tão engajado nessas áreas. A gente também tem oportunidade de doação, que eu acho que é importante lembrar, para plataformas e organizações jovens, todo mundo aqui é voluntário, e a gente busca sempre dedicar o nosso tempo extra para poder espalhar essa missão da justiça climática. Mas acho que é sempre importante a gente pensar que compensar o jovem por isso, ou proporcionar oportunidades através de financiamento para participar de espaços de conferência, também é muito importante. Então, acho que quem tenha possibilidade de financiar e fazer doações. Eu acho que é sempre muito importante eu encorajo porque vai ajudar a empoderar jovens, principalmente aqueles jovens que não conseguem dedicar tanto do seu tempo, em função de outras atividades que levam seu tempo, como atividades financeiras. Então, eu diria que são algumas maneiras, e também compartilhar a ideia do Empodera Clima, nós seguir no Instagram, no @EmpoderaClima, porque aí a gente busca também compartilhar muito desse conteúdo, a gente busca fazer de uma forma simples, de uma forma divertida, colorida, bem jovem. Poder compartilhar todas essas questões que estão em volta do gênero e clima, porque são muitas, gente pode falar de mulheres de energia, a gente pode falar de mulheres e Financiamento Verde. TÊm várias questões que estão atreladas à pauta principal que é ambiental e de gênero. Então acho que dentro disso dá para achar o nicho de interesse e compartilhar e contribuir com conteúdo e fazer várias atividades em relação a isso.
[00:12:59] Gaby: Você até já entrou um pouco no que ia ser minha próxima pergunta. Fico feliz que você estava falando um pouco dessas plataormas que as pessoas podem acompanhar o trabalho de vocês. Exatamente porque eu vi o conteúdo e é muito legal, sabe, é muito, eu adoro esse tom divertido pra falar dessas coisas difíceis, mas trazer para a realidade das pessoas. Agora queria que você falasse um pouco, tem algum outro lugar que as pessoas podem ir para conhecer mais do seu projeto, pode falar do site e também pra seguir o seu trabalho pessoas.
[00:13:37] Renata: Com certeza, a gente acabou de lançar o site, inclusive, faz três dias. O site é totalmente renovada. A gente chama EmpoderaClima.org, e ali tem muito conteúdo legal, então, vocês podem acompanhar tanto a nossa base de dados, que ela é dividida em pesquisa, podcast e vídeos. Também os nossos documentos e materiais originais, então o próprio time do Empodera Clima produz artigos sobre várias áreas de interesse de cada um na área de gênero e clima. A gente também tem alguns resumos diários da COP, a gente participou da Cop25 ano passado. Para quem não sabe, é o órgão supremo da ONU clima para as mudanças climáticas. Então é uma conferência da ONU mega importante para esses assuntos. E aí ano passado a gente teve oportunidade de participar e a gente fez um resumo diário de todos os dias da COP na área de Gênero e Clima, por que a gente sabe essas conferências parecem muito inacessíveis, então a ideia é que a gente possa tornar elas um pouco mais fáceis de entender, através desses resumos, então a gente também tem isso. E além disso tem outras oportunidade de se engajar, tanto vendo os nossos vídeos, a gente já fez muitos webinários, principalmente agora nessa época de pandemia, sobre diversas questões. A gente fez webinário em francês, em português, inglês. Então dá para acessar de acordo com seu idioma. Então, tem algumas formas ali no site que dá para navegar e como eu comentei o Instagram também é uma parte que a gente se dedica muito, justamente para ser uma versão um pouco mais fácil e rápida do site. Então a gente traz conteúdo ali e algumas notícias, algumas matérias importantes na área de gênero e clima. Pra ser de fácil acesso, fácil compartilhamento. Então eu diria que são os principais meios que tem para acessar. A gente faz parte também de um escopo maior, que a organização americana Care about Climate. Dentro da Care about Climate, eles também tem um instagram que é @CareAboutClimate, e também o YouTube que ali tá todos os nossos webinars e tá todas as atividades do Empodera Clima no geral. Aí vocês podem olhar também os outros programas da Care About Climate, que não são na área de gênero mas também são muito interessantes na área de educação climática, educação ambiental principalmente, então encoraja a todos que têm a possibilidade de acessar, poder navegar um pouquinho as páginas e continuar nos acompanhando.
[00:15:53] Gaby: Então agora a gente chegou na nossa seção que eu chamo de Bate bola Jogo rápido. Que é a seção de perguntas rápidas pra você responder. Então vai ser assim, eu vou falar uma frase e você vai completar o espaço em branco, vou falar ela e você completa com uma palavra, com uma frase. 1. Natureza é...
[00:16:20] Renata: Amor e inspiração.
[00:16:24] Gaby: 2. Eu acho que é o desafio global mais urgente é...
[00:16:29] Renata: A crise climática e a luta pela igualdade de gênero.
[00:16:35] Gaby: 3. Se você fosse capaz de implementar um projeto global pra enfrentar as mudanças climáticas seria...
[00:16:43] Renata: Com certeza crescer o Empodera Clima um pouco mais e levar esses espaços para grandes espaços de decisão como a ONU e poder falar um pouquinho mais da juventude nesses espaços, sei que não foi só um pouco. Esse seria o objetivo geral.
[00:17:01] Gaby: 4. A pandemia do COVID-19 em andamento tem sido...
[00:17:07] Renata: Desafiadora, mas também uma oportunidade para conectar com mais pessoas on line e pensar novas formas de reconstruir o mundo.
[00:17:19] Gaby: As mulheres vão mudar o mundo, por que elas são...
[00:17:23] Renata: Incríveis, poderosas, inspiradoras e elemento chave para gente combater a crise climática.
[00:17:32] Gaby: E vocês que estão em casa assistindo, não esqueçam de seguir o Empodera Clima, e ir atrás do que a Renata compartilhou. E se vocês querem acompanhar outras histórias, também vem acompanhar a gente na Youth4Nature, que a gente está com essa nova campanha de contar histórias, Sua História É o Nosso Futuro. Além das histórias a gente tem workshops, tem post no Instagram, que você pode acompanhar nossas ações. Por enquanto a gente se vê depois. Tchau.
[00:18:02] Renata: Tchau, obrigada.
[00:18:06] Texto: Saiba mais sobre a história da Renata no link abaixo
[00:18:10] Texto: Siga #YourStoryOurFuture (#SuaHistóriaNossoFuturo) e encontre mais histórias em: youth4nature.org/storytelling